“Ser grande é ser incompreendido”.
Oscar Wilde
Sombras haviam lhe arrancado de sua cama de madrugada e o arrastado para o tribunal. O tempo era de terror e não se espantava com os métodos dos opressores para calar vozes como a sua; o que o surpreendeu foi terem lhe concedido um julgamento. No tribunal o palco estava armado para o espetáculo.
O homem foi acorrentado na cadeira do réu e teve certeza do papel que exerceria naquela noite. O júri estava em seu lugar, o guarda, o promotor e o juiz. Havia até um escrivão registrando cada bocejo feito no recinto – que não eram poucos –, faltava apenas o advogado de defesa.
Logo foi esclarecido que permitiriam ao réu se defender pessoalmente, o que de fato o agradou. As coisas não pareciam tão ruins assim afinal. Estava errado.
O julgamento começou com a descrição do caso e do acusado. O júri foi informado que se tratava do julgamento de Franz Kafka exímio, porém, soturno escritor que assombrava a língua alemã com suas obras secretas. E por sua vez, Kafka soube qual fora seu crime. Era acusado de bruxaria e homicídio culposo. Segundo o promotor o réu havia transformado durante o sono um pobre e infeliz caixeiro viajante chamado Gregor Sanches em um inseto rastejante; e que por causa disso foi morto a vassouradas por uma empregada. Sem falar na família da vitima internada em um sanatório gerando gastos aos cofres públicos por culpa de um monstro maior chamado Franz Kafka. O promotor cuspia, não, escarrava sempre que pronunciava o nome do réu causando asco no júri que não conseguia si quer fitar o réu tamanha repulsa.
E para provar que suas acusações eram fundamentadas o promotor mandou trazerem o cadáver de Gregor Sanches. O próprio Kafka não pode deixar de se horrorizar com a criatura esmagada e aos pedaços, oferecida à platéia. Era uma espécie de aberração infernal. O cruzamento mal sucedido entre homem e pesadelo.
O mais estranho era que Kafka reconhecia a criatura. Sim, se lembrava dela, era uma de suas má-criações. Ela não existia, ou não devia. Mas as estranhezas não haviam terminado. Por ordem do promotor o júri digeriu as provas do crime devorando cada perna e antena de Gregor Sanches. Kafka concluiu que estava sendo julgado por loucos ou era ele que enlouquecera. O que era bem possível.
O réu teve a oportunidade de se defender e fez o melhor em tais circunstâncias. Ele se esforçou para despertar o bom senso de seus ouvintes, para provar que não podia ferir ninguém com palavras, mas neste ponto começou a duvidar de si mesmo. Tinha que admitir que seus textos não eram inofensivos, e por isso mesmo os guardava em uma gaveta trancada e não estava certo que algum dia os publicaria. E quando percebeu que de qualquer forma seria inútil argumentar parou e o júri acordou, pois haviam dormido durante toda a defesa.
O Juiz também estava exausto e entediado e decidiu acabar logo. Perguntou ao júri qual era o veredicto. Inocente! Gritaram e foram embora para suas casas. E o juiz martelou a decisão. Absolvido de todas as acusações e livre para todo o sempre. E o promotor disse amém, aleluia! E os restantes saíram para comemorar. Na cadeira, acorrentado ficou o réu sem entender nada, afogado em um misto de alívio e confusão.
O carrasco entrou, libertou o prisioneiro e o levou para o pátio onde uma forca esperava por ele. E enquanto Kafka estrebuchava na corda perguntava ao seu algoz:
“Mas por quê? Por quê?”
E o carrasco respondia:
“Você sabe, você sabe”.
E para Kafka não houve moral alguma a ser aprendida, apenas a certeza de que estamos todos condenados a permanecer na forca até que faça sentido.
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Agradeço pelo tempo dedicado as minhas histórias que de agora em diante pode considerar como nossas.
Agradeço pelo tempo dedicado as minhas histórias que de agora em diante pode considerar como nossas.
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Olá Marcos, tudo bem?
ResponderExcluirQuer dizer que o Rafael tá falando de mim então em Assis? ehehehe Espero que apenas as coisas boas ehehehe.
Bom, pra inserir contador, basta entrar neste link http://www.pax.com/counter/signup e fazer um login, depois escolher o tipo de contador que quer inserir no seu blog. Você vai receber um link que deve incluir na parte ~personalizar~ e colar o link dentro de uma caizinha,posicionando-a no lugar do blog que achar melhor. Parece complicado,mas não é,é bem instintivo.
Continue entrando no blog, bom saber que tenho um leitor em Assis. Mande abraços para o Rafa.
Serginho