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sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Conto: O Roubo

Galego era um santo e Dona Bela, a senhora sua esposa, duas vezes santa. O homem era pai de família, trabalhador e humilde, um exemplo para a comunidade. A mulher era benzedeira e com suas orações salvou muita criança doente. Resumindo, o casal era querido por todos no morro. Daí se compreende o alvoroço que se formou quando certa tarde de sábado Galego entrou arrasado no Bar do Tião exigindo uma dose de pinga.
– Ocê enchendo a cara, negô veio!?! – um conhecido disse mais exclamando que indagando.
– Não perturba Janjão. Me deixa! – respondeu Galego virando um copo. – Outro. – exigiu.
– Tem certeza? Ocê não é de beber Seu Galego. – disse o atendente do bar.
– A única coisa que tenho certeza nessa merda de vida é que quero mais uma dose droga! – gritou Galego batendo o copo vazio no balcão com força.
– Calma companheiro, conta pra gente o que se passa? – perguntou outro conhecido.
- Parece até que viu o demônio ou que acabou de ser assaltado. - comentou um velho amigo.
– Pior! Roubaram a Bela, porra!
No canto pararam de jogar sinuca e moço do churrasquinho esqueceu da carne. E alguém desligou a TV no meio do jogo tamanho a gravidade da notícia.
– Não pode ser, Galego. Quando e onde foi isso? – alguém perguntou revoltado.
– Aqui mesmo no morro enquanto eu trabalhava. Acabei de saber. – informou Galego caindo no choro.
Alguém perguntou se a mulher tinha sido apenas roubada ou algo mais e levou peteleco pela indiscrição. Mas entre soluços e agora abraçado a um vizinho Galego balbuciou que haviam feito de tudo com esposa. A indignação no bar atingiu o nível máximo. Perguntaram também se ela estava sozinha e onde exatamente aconteceu a tragédia. Quando Galego chorou que foi na própria casa e na presença dos filhos e que foram estes que o informaram da desgraça teve quem o acompanhou no choro.
– E ocê sabe quem foi o filho da puta que fez isso com tua esposa? – perguntou o dono do bar tirando uma arma debaixo do balcão.
– O Genário. – respondeu Galego mastigando o nome.
– O Genário da banca de jornal? – perguntaram incrédulos.
O povo esperava que fosse um nóia ou mesmo um traficante. Um tranqueira qualquer, mas o Genário era quase tão gente boa quanto o Galego e a Dona Bela, além de serem amigos, o que acabou revoltando o grupo em dobro. E como o Galego confirmou que o criminoso era o Genário e como ele nunca mentia a marmanjada catou os tacos de sinuca e desceu o morro.
Pelo caminho o grupo de lixamento ia engrossando e quando chegaram na banca já era uma passeata. Não encontraram o infeliz e moeram a banca e queimaram o que sobrou. Estavam ensaiando o que fariam com o crápula que havia feito mal a Dona Bela, que na empolgação de lixar ninguém se lembrou de perguntar se passava bem, mas bem é que não podia estar.
Quando chegaram na casa do Genário gritaram que o judas saísse que era sábado aleluia no morro. Mas quem saiu foi a Dona Bela, você ouviu direito, Dona Bela, sim senhor, ela apareceu um tanto constrangida e um tanto brava.
– Que zona é essa?! – perguntou a mulher para o povaréu atônito. – Já sei, foi o frouxo do meu ex que foi pedir ajuda pra me arrastar de volta pra casa, não é?
– Desculpa, mas a senhora não foi roubada hoje pelo Genário? – alguém perguntou.
– Quem foi roubado foi o bunda mole do Galego. Ocês são tontos ou o quê?!
O povo injuriado espremeu o Galego até não sobrar sumo.

2 comentários:

  1. Caro, podes melhor a forma, mas no geral bem narrado, o narrador é um contador habilidoso que leva até o improvavel com as personagens improvaveis.

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  2. eita gostei :3

    é sempre bom mexer com diveras realidades, e isso vc vez bem! ainda mais uando isso diz respeito às fragilidades humanas, e o quanto o contexto (en as pessoas inseridas nele) está (ão) suscetível(is) a isso.

    parabéns!

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